quinta-feira, 23 de abril de 2015

Satã - Uma Visão espirita


Quando falamos em Diabo, Satã ou Satanás, nos referimos a uma entidade, um ser existente fisicamente, completamente voltado ao mal sem possibilidades de recuperação, condenado por Deus a reinar, privado da Luz Divina, seu lugar nos escuros e sombrios labirintos de uma caverna que chamamos Inferno.


Também nos lembramos do maior inimigo de Deus com quem batalha há milênios tendo por prêmio a alma dos homens: Deus ficaria com a alma dos bons e o Diabo com a alma dos maus.

O Espiritismo nos mostra que o Diabo seja qual for o seu apelido, não existe. Por Diabo devemos entender a maldade que existe em cada ser humano, seja ele desencarnado ou encarnado. Daí a existência de espíritos bons e espíritos maus, e para todos sempre existe a recuperação.

No entanto temos que admitir que o Espiritismo, enquanto religião é relativamente novo se comparado com as demais religiões. É normal, portanto, que muitos de seus adeptos, senão a maioria, seja originária de outras religiões. Aportamos no Espiritismo vindos do Catolicismo e do Protestantismo trazendo conosco todo um conjunto de valores que tínhamos como verdade absoluta e inquestionável. Um desses valores é a existência do Diabo, dos demônios e das penas eternas. Apesar de aprendermos muitas coisas que o Espiritismo nos ensina, ainda guardamos algum receio, ou mesmo medo das velhas crenças.

Pode ainda nos causar incômodo ou desconforto ao pronunciarmos ou ouvirmos alguns apelidos que conhecemos: capeta, coisa-ruim, sujo, cascudo, tinhoso, danado, cão, maldito, chifrudo, manquitola, quatro - dedos, beiçudo, bode – preto, cramulhano, pé – de – cabra, 
Anti - Cristo e por aí vai.

Como nos ensina o Espiritismo, precisamos estar sempre estudando porque o estudo desenvolve nossa inteligência, com a qual podemos melhor diferenciar o bem do mal. 

Estudarmos o diabo e sua história nos ajuda a desmistificar a imagem errada que fazemos deste personagem.

A visão moderna que temos do Diabo não é a mesma de tempos atrás. Em toda a história da humanidade sempre existiram bons e maus. Por não compreenderem as verdades como hoje as compreendemos, a humanidade explicou a existência de coisas ruins de maneiras coerentes com a época.

Entre os gregos, Sócrates já afirmava a existência dos demônios, que seriam gênios. Esses gênios (ou demônios) eram espíritos intermediários entre Deus e os Homens. Como tais, podiam ser ruins ou bons. Ele mesmo tinha seu gênio que o aconselhava.

No Museu do Louvre (Paris) existe uma imagem em bronze, datada de 1350 a.C. de Pazuzu (o Agarrador), o demônio do vento do sudoeste. No verão trazia doenças e o flagelo da seca e da fome e no inverno trazia gafanhotos.

Como se nota, os homens atribuíam às divindades boas ou más a explicação dos fenômenos naturais que ele não compreendia.
Estas referências servem apenas para demonstrar que a crença na existência de espíritos bons e maus não é nova, nem exclusividade hebraica ou cristã.

Apesar do interesse que o assunto nos provoca, é no meio cristão que mais no interessa a compreensão do Diabo.

A palavra Satã refere-se ao nome do Príncipe do Mal e origina-se na palavra hebraica Sãtãn que em grego significa Satanás. Portanto, Satã ou Satanás refere-se à mesma criatura, e significa “adversário”.

Nas traduções modernas da Bíblia, a palavra Sãtãn foi traduzida por Satanás, todas escritas com o “S” maiúsculo, ou pela palavra Diabo. Nos textos mais primitivos do Antigo Testamento, o “s” de satã era minúsculo.

Satanás, ou satã com “s” minúsculo indica um substantivo qualificativo. Neste caso algo ou al-guém é qualificado com uma função ou atribuição assim como hoje em dia chamamos de Promotor o homem que é advogado e tem a função de acusador. Nas citações do Velho Testamento, analisando o contexto em que foi citado, satã refere-se ao acusador (promotor) e muitas vezes é descrito um verdadeiro tribunal divino.

Já a palavra Diabo tem origem na tradução do Velho Testamento conhecida como a Bíblia dos Setenta. Isto porque a tradução foi feita no século III a.C. por 72 rabinos e, segunda a lenda, demorou 72 dias para ser concluída. Nesta tradução a palavra satã foi substituída pela palavra grega “diabolos” que traduzida para o português arcaico significa “diaboo”.
As passagens Bíblicas:

1. Zacarias, 3,1-2 
2. Jó, 1, 6-12 

são suficientes para demonstrar o caráter de Satanás. Notemos que não havia nenhum diálogo entre ele e Deus que denotasse a inimizade arraigada de hoje em dia. Não se trata aqui de dois oponentes que disputam a alma dos homens. Ao contrário, Satanás se mostra bem submisso às ordens de Deus, aceitando calmamente todas as decisões divinas e não encontramos nenhuma passagem que pudesse ser caracterizada de forma diferente. Satanás era, como se demonstra, um servidor de Deus. Este servidor possuía uma tarefa das mais desagradáveis: encontrar e denunciar as falhas humanas. Por isso mesmo, Satanás era temido por aqueles que cometiam erros contra o Senhor. Nota-se que no versículo 6 do capítulo 1 de Jó, que Satanás 
encontrou-se com o Senhor junto aos filhos de Deus e não há citação alguma de qualquer incômodo que a presença pudesse ter causado.

De promotor divino, acusador, Satanás evoluiu, ou involuiu para o ser infeliz, destinado a viver nas trevas, privado da Luz Divina, adversário de Deus com quem disputa a alma dos homens. Esta evolução aconteceu apenas no Cristianismo.

Foi com os evangelistas que o caráter infernal de Satanás veio à tona.

O Apocalipse de João revela uma imagem melhor elaborada de Satanás, e é no capítulo 12 que João descreve a queda do Anjo, identificado como o grande dragão.

Por todo o novo testamento existem citações das ações do Diabo que é reconhecido em todo lugar onde haja uma maldade humana.

A palavra Lúcifer , também atribuída erroneamente a Satã, era, na verdade, atribuída a Jesus, o Cristo pois é Ele o único Lúcifer que o nosso mundo conheceu.

Feroz e terrível, a imagem do Diabo assombrou os cristãos iniciantes mas foi com Santo Agostinho que sua imagem se firmou.

O antagonismo entre Deus e Diabo representa antes de tudo a eterna luta entre o bem e o mal. Aurelius Augustinus, o nosso Santo Agostinho, nasceu em 13 de novembro de 354. Romano de descendência, africano de nacionalidade (nasceu em Tagaste, Numídia, na África), ingressou no Catolicismo aos 32 anos, em 386 e converteu-se num dos quatro pilares da filosofia Católica. Defendeu a idéia de que Deus é a bondade absoluta.

Em 395 torna-se bispo na cidade de Hispona.

Em 397 e 398 escreve As Confissões que é uma autobiografia.

Em 413 começa a escrever a Cidade de Deus.

Falece em 28 de agosto de 430.

N’As Confissões defende a tese de que Deus é incorruptível, sendo o eterno Bem. Também defende que o mal nada mais é do que a corrupção do bem. Portanto, todo aquele que pratica o mal está, na verdade, corrompendo o bem que está em si. Se estiver corrompendo o bem que está em si é porque existe nele alguma coisa boa que possa ser corrompida. Portanto, todo o que se corrompe é bom. Para ele, o mal absoluto não existe porque, ou seria criado por Deus, mas Deus não criou o mal, ou o mal absoluto seria um outro deus que contraria a crença Cristã do Deus Único. Portanto, nada existe que não possa obter a salvação, apenas restringe a salvação como sendo por uma graça Divina.

O diabo, como ser eternamente devotado ao mal, no Livro A Cidade de Deus, Santo Agostinho ratifica que o mal não é criação Divina mas uma criação do homem. O anjo que se revoltou contra Deus e foi expulso da Felicidade Eterna dos Anjos, revoltou-se por conta da soberbia e do orgulho que lhe dominou. Portanto, o diabo não é uma criação de Deus mas o resultado dos pecados de um anjo.

Esta filosofia de Santo Agostinho fortaleceu ainda mais a crença no diabo.

E o capeta cresceu em poder diante dos homens durante os séculos vindouros. Mas foi na Idade Média que ele atingiu o topo de seu apogeu.

Tudo o que viam e acontecia sem uma explicação, era designado ao diabo. Se uma pessoa caía e se debatia no chão, com a espuma a sair-lhe pela boca, estava possuída.

A arma mais forte do diabo era a tentação.

No Paraíso, o diabo na forma de uma serpente tentou Eva a consumir a fruta proibida ocasionando sua expulsão do Paraíso.

A mulher foi responsabilizada pela condenação do homem. Por ter cedido à tentação, formou-se a opinião de que a mulher era facilmente influenciada e por isso mesmo, transformou-se em serva do diabo, sendo chamada de bruxa. Tidas como insaciáveis, faladeiras, sensuais e lascivas, as mulheres atraíam facilmente os homens para o pecado.

Foi na Idade Média que surgiram as caças aos bruxos (ou feiticeiros) e a identificação da ação no Diabo nos possuídos e nos atormentados.

Os possuídos eram aquelas pessoas tomadas pelos demônios, mas contra sua vontade.

Os atormentados eram aquelas pessoas tomadas esporadicamente pelos demônios e também contra a sua vontade.

Os feiticeiros (ou bruxos) eram indivíduos que fizeram um acordo com o Diabo recebendo poderes especiais em troca de sua alma.
Mesmo com todo o poder adquirido na Idade Média, o Diabo viria a sofrer golpes terríveis.

No Renascimento, que marcou o fim da Idade Média, o Diabo começou a sofrer sérios reveses e seu poder foi diminuindo pouco a pouco.

Neste período, o desenvolvimento da cultura e da ciência, a bruxaria foi taxada como coisa de gente ignorante, indigna de pessoas mais cultas.
Outro golpe que marcou o fim do poderio satânico foi o desenvolvimento das ciências.
Trazendo ao mundo várias descobertas que não podiam ser contestadas pela crendice ou pela ignorância, os fatos antes atribuídos ao demônio tornaram-se problemas de saúde física com recuperação através de tratamentos e medicação.

É natural que o seu poder diminuiria pois sua fonte estava justamente sendo demonstrado nada ter de demoníaco, mas  foi na segunda metade do século XIX que o Diabo sofreu os mais sérios e decisivos golpes.

O primeiro em 18 de Abril de 1857 quando Allan Kardec trouxe ao mundo O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

Mais precisamente nas perguntas de números 128 até a 131, os Espíritos esclarecem que não existem seres eternamente voltados ao mal nem seres criados em situações especiais, diferentes do restante da humanidade.

Evidentemente que a obra de Kardec gerou muita oposição, mas a verdade prevaleceu.
Mas o golpe decisivo veio em setembro de 1865 quando Kardec entrega ao mundo sua obra O CEU E O INFERNO.

Apesar d’O Livro dos Espíritos abordar este assunto de forma incontestável, é n’O Céu o Inferno que temos uma explicação detalhada e racional demonstrando a impossibilidade da existência do Diabo e seus seguidores.

Não importa quantos nomes ou apelidos foram atribuídos ao ser de eterno mal, o fato é que ele não existe como um ser real, físico.

Sua existência deve sim, a uma figuração do mal. Um símbolo do mal que o homem pode produzir.

Dentro desta simbologia, podemos denominar os espíritos maus como demônios, desde que aceitemos o fato de que estes demônios não são espíritos condenados a praticar o mal eternamente.

A visão espírita do Diabo está em perfeita comunhão com a definição do mal dada por Santo Agostinho. O mal absoluto não pode ser criação de Deus, porque em assim sendo, Deus não seria eternamente bom nem justo. Para o espiritismo o mal é causado pela ignorância dos homens que não conhecem e nem praticam a busca dos valores espirituais anunciados por Jesus. Para Santo Agostinho, o mal é a corrupção do bem. Em síntese, são uma e a mesma coisa.

Evidentemente que a teoria de Santo Agostinho não para aí e vai em frente, admitindo a existência dos anjos, dos anjos revoltosos e sua queda, com o que o Espiritismo não concorda.

Toda a crença na existência dos anjos, demônios e das penas eternas vai contra toda a existência lógica do próprio Deus.

Colocando este ponto de vista, nos perguntamos então, porque a humanidade o fez tão forte. Seria para enganar e manter o domínio sobre a população? Seria uma guerra de interesses e de poder entre a Igreja e o Estado? A Igreja Católica deve ser condenada por este mal causado à humanidade?

Para todas estas perguntas, só existe uma resposta: NÃO!

Em primeiro devemos entender que o Cristianismo, no início, sofreu muita pressão das religiões existentes. Muitas destas religiões pretendiam explicar tudo, e dava suas explicações, absurdas se consideradas nos dias atuais, mas perfeitamente enquadradas nos moldes intelectuais da época.

Apenas a título de exemplo podemos citar as teorias do Maniqueísmo que defendia, entre outras, a tese da existência de dois deuses: o Deus bom e justo e o Deus do mal (o diabo), justificando a guerra entre o bem e o mal. O próprio Santo Agostinho foi maniqueísta antes de sua conversão ao Cristianismo.

Outra corrente em vigor na época de Santo Agostinho, era a dos Platônicos que combatiam a tese das penas eternas. Segundo eles, todo o mal praticado pelos homens era, na verdade, uma maneira de aprenderem o bem. Diziam que nenhum mal ficaria sem punição, e todo o mal cometido seria corrigido durante a vida através dos castigos e flagelos recebidos. Aqueles males cometidos e não purificados antes da morte, seriam levados pela alma que os purificariam após a morte. Uns iriam para os abismos, outros seriam içados aos ventos e 
outros ficariam queimando em um fogo que não se apagava até que todos os males estivessem purificados. Esta teoria não deixa claro o que ocorre após a purificação, mas sugere a existência de uma espécie de céu.

Pressionado por estas religiões, o Cristianismo deveria também ter uma resposta para tudo, Se não tivesse, ficaria ameaçado de esquecimento porque não teria aceitação junto à população. Afinal, quem se dedicaria a uma Religião que não soubesse explicar os acontecimentos rotineiros do dia – a – dia, quando tantas outras explicavam?

Impossibilitados de alçar vôo mais alto devido à completa ausência de conhecimento e desenvolvimento científico, pressionado pelas exigências culturais e racionais da época, influenciado pelas crenças de outras religiões, o surgimento do Diabo, como sido anjo caído foi a mais racional que puderam entender.

Não podemos deduzir daí que a criação do Diabo e das penas eternas é hoje um bem, ou que estamos aqui defendendo sua existência.

Apenas devemos nos colocar no contexto social de uma época para entender o que esta época realizou.

A existência do Diabo pode até mesmo ser considerada um bem para a humanidade pois serviu de freio para os homens. Se não fosse assim, a violência e a crueldade humana teriam sido muito maiores.

Acreditar nisto, é uma coisa. Acreditar hoje em dia que o Diabo existe do mesmo jeito que se acreditava é um erro, mesmo para uma pessoa não espírita já que os avanços da ciência, por si só, já apagou o fogo eterno do inferno.

Para os Espíritas, o diabo e seus demônios não podem ser vistos senão como a alma dos próprios homens que, ainda endurecidos, praticam toda a sorte de maldades, mas que um dia, cansados do mal, quererão, poderão e alcançarão as mesmas alegrias que desfrutam os 
espíritos superiores, chamados anjos.

Mas nem tudo está perdido para o Diabo. Ainda hoje existem algumas seitas, se assim podemos chamá-las, de adoração ao Diabo. Nas religiões tradicionais, como no Protestantismo e no Catolicismo, o seu poder ainda é muito forte. Mas esses casos representam apenas os últimos redutos, ou os últimos suspiros de uma crença que teve seu valor, mas que está irremediavelmente condenado à superação.

E o Espiritismo foi o golpe fatal. O tempo do Diabo acabou, porque já era pouco, como disse o Evangelista João no Apocalipse, 12,12 “... porque o Diabo desceu até vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo.”

Alma Gemea - o lindo poema de Emmanuel


No livro Há dois mil anos,o espirito Emanuel nos traz a história do orgulhoso senador Romano Publiu Lentulus que era uma reencarnação passada de Emanuel
e ele deixa esse lindo poema :



Alma gêmea de minha alma
Flor de luz de minha vida
Sublime estrela caída
Das belezas da amplidão .
Quando eu errava no mundo
Triste e só, no meu caminho ,
Chegaste, devagarinho ,
E encheste-me o coração.
Vinhas na benção das flores
Da divina claridade ,
Tecer-me a felicidade
Em sorrisos de esplendor !
És meu tesouro infinito .
Juro-te eterna aliança
Porque sou tua esperança ,
Como és todo meu amor !
Alma gêmea de minha alma
Se eu te perder algum dia...
Serei tua escura agonia ,
Da saudade nos seus véus...
Se um dia me abandonares
Luz terna dos meus amores,
Hei de esperar-te , entre as flores
Da claridade dos céus .

quinta-feira, 16 de abril de 2015

DOUTRINA ESPÍRITA OU ESPIRITISMO - O O QUE E SEUS ENSINAMENTOS



O QUE É 

É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec que constituem a Codificação Espirita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo O Céu e o Inferno e A Gênese.  O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal. Allan Kardec (O que é o Espiritismo - Preâmbulo) 

 O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança. Allan Kardec (O Evangelho segundo o Espiritismo - cap. VI - 4) 

O QUE REVELA

Revela conceitos novos e mais aprofundados a respeito de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das Leis que regem a vida. Revela, ainda, o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da nossa existência e qual a razão da dor e do sofrimento. 

SUA ABRANGÊNCIA 

Trazendo conceitos novos sobre o homem e tudo o que o cerca, o Espiritismo toca em todas as áreas do conhecimento, das atividades e do comportamento humanos, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade. Pode e deve ser estudado, analisado e praticado em todos os aspectos fundamentais da vida, tais como: científico, filosófico, religioso, ético, moral, educacional, social. 

SEUS ENSINOS FUNDAMENTAIS 

Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. É eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom. O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais. Além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados, que são os homens, existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados. No Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens. Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais. O homem é um Espírito encarnado em um corpo material. O perispírito é o corpo semimaterial que une o Espírito ao corpo material. Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo. Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade. Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação. Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento. Os Espíritos evoluem sempre. Em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca regridem. A rapidez do seu progresso intelectual e moral depende dos esforços que façam para chegar à perfeição. Os Espíritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado: Espíritos Puros, que atingiram a perfeição máxima; Bons Espíritos, nos quais o desejo do bem é o que predomina; Espíritos Imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do mal e pelas paixões inferiores. As relações dos Espíritos com os homens são constantes e sempre existiram. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, sustentam-nos nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos induzem ao erro. Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade. E a doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus. A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela Humanidade. O homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas ações. A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus. A prece é um ato de adoração a Deus. Está na lei natural e é o resultado de um sentimento inato no homem, assim como é inata a idéia da existência do Criador. A prece torna melhor o homem. Aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Adolfo Bezerra de Menezes

Adolfo Bezerra de Menezes nasceu na antiga Freguesia do Riacho do Sangue (hoje Jaguaretama), no Estado do Ceará, no dia 29 de agosto de 1831, desencarnando no Rio da Janeiro, no dia 11 de abril de 1900.No ano de 1838 entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde, em dez meses apenas, preparou-se, suficientemente, até onde dava os conhecimentos do professor que dirigia a primeira fase de sua educação. Muito cedo revelou a sua fulgurante inteligência, pois aos 11 anos de idade iniciava o curso de Humanidades e, aos 13 anos, conhecia tão bem o latim que ele próprio o ministrava aos seus companheiros, susbtituindo o professor da classe em seus impedimentos.Seu pai era um homem relativamente abastado, porém, por efeito de seu bom coração, comprometeu sua fortuna, dando abonos em favor de parentes e amigos, que o procuravam, a fim de explorarem os seus sentimentos de caridade. Percebendo, então, que seus debitos igualavam seus haveres procurou os credores e lhes propôs entregar sua fazendas de criação e tudo o mais que fosse suficiente para integralizar a divida.Os seus credores recusaram a proposta, dizendo-lhe que pagasse quando e como pudesse. O honrado cidadão insistiu, mas não conseguindo demover seus credores decidiu-se a tornar mero administrador do que fora a sua fortuna, retirando apenas o que fosse necessario para a manutenção de sua familia, que passou da abundancia as privacoes.Foi nessa fase que Adolfo Bezerra de Menezes, formulando os mais veementes votos de orientar-se pelo carater integro de seu pai, e com minguada quantia que seus parentes lhe deram, partiu para o Rio de Janeiro, a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava - a Medicina.Ingressou em novembro de 1852 como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericordia. Doutorou-se em 1856, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1858, concorreu a uma vaga de lente substituto da Seção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Nesse mesmo ano, o mestre Manuel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião-Mor do Exercito, fe-lo nomear seu assistente, com o posto de Cirurgião-Tenente.Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador Haddock Lobo, sob a alegação de ser medico militar. Com o objetivo de servir o seu partido, que necessitava dele para ter maioria na Camara, resolveu afastar-se do Exército. Em 1867, foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado numa lista triplice para uma carreira no Senado.Quando politico, levantaram-se contra ele, a exemplo do que sucede com todos os politicos honestos, rudes campanhas de injuria, cobrindo seu nome de improperios entretanto, a prova da pureza de sua alma, deu-a, quando deliberou abandonar a vida publica e dedicar-se aos pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuia. Corria sempre ao casebre do pobre onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da sua profissão de medico e o auxilio da sua bolsa minguada e generosa.Afastado interinamente da atividade politica, dedicou-se a empreendimentos empresariais criou a Companhia Estrada de Ferro Macae-Campos, na então provincia do Rio de Janeiro. Posteriormente, empenhou-se na contrução da via ferrea de Santo Antonio de Padua, pretendendo leva-la ate o Rio Doce, desejo que não conseguiu realizar. Foi um dos diretores da Companhia Arquitetonica que, em 1872 abriu o Boulevard 28 de Setembro , no então bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Carril de São Cristovão. Voltando a politica, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato ate 1880. Foi ainda presidente da Camara e Deputado Geral pela Provincia do Rio de Janeiro, no ano de 1880.Quando o Dr. Carlos Travassos empreendeu a tradução de O Livro dos Espiritos , de Allan Kardec, ofereceu um exemplar, com dedicatoria, a Bezerra de Menezes. No dia 16 de agosto de 1886, um auditorio com cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade, que enchia o salão de honra da Velha Guarda, ouviu, em silencio, emocionado, atonito, a palavra de ouro do eminente politico, do eminente medico, do eminente cidadão, do eminente catolico, Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, que proclamava aos quatro ventos a sua adesão ao Espiritismo. Ela era um autentico religioso, no mais alto sentido. Sua pena foi, por isso, desde o primeiro artigo assinado, em janeiro de 1887, posta ao serviço do aspecto religioso do Espiritismo.Demonstrada a sua capacidade literaria no terreno filosofico, que pelas replicas, quer pelos estudos doutrinarios, a Comissão de Propaganda da União Espirita do Brasil incumbiu Bezerra de Menezes de escrever, aos domingos, no O Paiz , tradicional orgão da imprensa brasileira, dirigido por Quintino Bocaiuva, uma serie de artigos sob o titulo O Espiritismo - Estudos Filosoficos . Os artigos de Max , pseudonimo de Bezerra de Menezes, marcaram a epoca de ouro da propaganda espirita no Brasil. Esses artigos foram publicados, ininterruptamente, de 1886 a 1893.Bezerra de Menezes tinha o encargo de medico como verdadeiro sacerdocio por isso, dizia: Um medico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se e´ longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate a porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora a porta que procure outro, esse não e´ medico, e´ negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse e´ um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a unica esportula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espirito, a unica que jamais se perdera nos vais-e-vens da vida.No ano de 1883, reinava um ambiente francamente dispersivo no seio do Espiritismo no Brasil, e os que dirigiam os nucleos espiritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais estreita e indestrutivel.Os Centros Espiritas, onde se ministrava a Doutrina, trabalhavam de forma autonoma. Cada um deles exercia sua atividade em um determinado setor, despreocupado em conhecer as atividades dos demais. Esse estado de coisas levou-os a fundação da Federação Espirita Brasileira (FEB).Nessa epoca, ja existiam muitas sociedades espiritas, porem as unicas que mantinham a hegemonia eram quatro: a Academica, a Fraternidade, a União Espirita do Brasil e a Federação Espirita Brasileira. Entretanto, logo surgiram entre elas rivalidades e discordias. Sob os auspicios de Bezerra de Menezes, e acatando importantes instrucoes, dadas por Allan Kardec, atraves do medium Frederico Junior, foi fundado o famoso Centro Espirita porem nem por isso deixava Bezerra de dar a sua cooperação a todas as outras instituicoes.O entusiasmo dos espiritas logo se arrefeceu, e Bezerra de Menezes se viu desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o unico frequentador do Centro. A cisão era profunda entre os espiritas que se dividiam em misticos e cientificos .Em 1893, a convulsão provocada no pais, pela revolta da armada, provocou o fechamento de todas as sociedades espiritas. No Natal do mesmo ano, Bezerra encerrava a serie de artigos que vinha publicando em O Paiz .Em 1894, o ambiente demonstrou tendencias de melhora e o nome de Bezerra foi lembrado como o único capaz de unificar a família espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da FEB, cargo que ocupou até 11 de abril de 1900, quando desencarnou, vítima de violento ataque de congestão cerebral.Devido ao seu Espírito caridoso e prestativo, Bezerra de Menezes mereceu o cognome de O Médico dos Pobres